Projeto de maquetes reproduz peças ornamentais furtadas da Casa Seis

Um projeto de iniciativa do Programa de Extensão Maqueteria Digital, da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) prepara uma intervenção artística para as datas do Dia do Patrimônio – 15, 16 e 17 de agosto – a ser realizada na Casa Seis da Praça Coronel Pedro Osório. Serão colocadas maquetes em 3D, feitas de Àcido Polilático (PLA) branco, no lugar dos 54 elementos conhecidos como mascarões, que compunham a decoração do gradil da fachada do prédio histórico e foram furtados, a fim de chamar a atenção dos visitantes para essas “ausências” de uma maneira mais lúdica, curiosa e participativa.

O projeto foi desenvolvido pela professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCPel, Fernanda Tomiello, e os acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo, João Pedro de Oliveira Marques e Laura Webber, bolsistas da Maquetaria Digital, com contribuição dos laboratoristas Marcel Basso e Gustavo Santos e do Programa de Apoio às Práticas Patrimoniais/UCPel.

A professora Fernanda Tomiello e o acadêmico bolsista João Pedro Marques. Fotos: Secom 

Fernanda soube do furto dos 54 mascarões por meio de uma notícia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

“A gente sabe da dificuldade que é reproduzir esses elementos arquitetônicos ornamentais que são detalhados, especialmente esses do período eclético aqui de Pelotas e, como ainda restavam muitos outros iguais, percebemos ali uma oportunidade de registrar a volumetria, a textura e a forma das peças, o que também possibilitaria uma futura recuperação”, diz a professora.  

A iniciativa foi inspirada em um movimento que aconteceu recentemente na Ucrânia, durante a guerra, quando pediram que as pessoas escaneassem os elementos da arquitetura que estava sendo destruída para preservar ao menos a sua memória e também para haver uma probabilidade de reproduzi-las, mais adiante. “Aqui não temos uma guerra, mas estamos em um contexto de mudanças climáticas que aceleram a deterioração, de aumentos de furtos desse tipo de elemento, da falta de manutenção... Tudo isso torna ainda mais difícil esse processo de restauro”, pondera Fernanda.

As primeiras tentativas de reproduzir as peças ocorreram há mais de um ano, com um sensor para escaneamento em 3D que existe nos iPhones, chamado LiDAR Scanner. “Tivemos um resultado bem razoável, mas com uma precisão abaixo do que a gente gostaria. Então, conseguimos um scanner profissional, disponibilizamos os escaneamentos na internet, para quem quisesse ter acesso, e passamos à reprodução em 3D”, explica a professora.

A impressão 3D é um processo de fabricação que cria objetos tridimensionais a partir de um modelo digital, adicionando material em camadas sucessivas. As maquetes serão afixadas no gradil da Casa Seis, de modo a não danificar o material original da base, no dia 14 de agosto, na véspera do Dia do Patrimônio, e serão retiradas logo depois do evento. Um cartaz explicará a intervenção aos visitantes do prédio histórico.

Foto: Divulgação

Casa Seis

Construída em 1879 pelo arquiteto italiano José Isella, a Casa Seis foi residência do Barão de São Luís e, posteriormente, de seus descendentes. O imóvel foi tombado como patrimônio cultural brasileiro pelo Iphan em 1977.