Prédio restaurado da via férrea abrigará Procon e Cerest
Após décadas de abandono, que resultou no péssimo estado de conservação herdado pelo governo atual, o prédio da Estação Ferroviária de Pelotas será totalmente recuperado na gestão do prefeito Adolfo Antonio Fetter. O imóvel foi permutado neste mês com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), numa transação em que a prefeitura cedeu a antiga cervejaria Brahma, localizada no Porto. Orçado em R$ 1,18 milhão, o projeto prevê a instalação, na edificação principal do complexo da via férrea, do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Macrorregião Sul (Cerest) e do Procon de Pelotas.
Faz-se necessário, explica o secretário municipal de Urbanismo (SMU), Luciano Oleiro, distinguir o empreendimento do novo Centro Administrativo, ainda em concepção e cujos espaços, destinados às secretarias, estão em definição. “Aguardamos a conclusão da reforma administrativa”, justifica o titular da secretaria. A construção e o aproveitamento de construções nesta área e no entorno, segundo o gestor, são ações pertencentes ao Projeto Pelotas Polo do Sul, administrado pela Unidade Gerenciadora de Projetos (UGP), comandada por Jair Seidel.
A verba disponível de R$ 1,21 milhão advém do Ministério Público Federal, que repassou o valor da autuação de uma empresa feita em conjunto com o Procon, e do Cerest, cuja parcela de R$ 300 mil foi aprovada pelo grupo gestor. “Até abril deste ano, estavam depositados, em conta vinculada do MP, R$ 910 mil, quantia corrigida mês a mês”, informa Oleiro. O critério do Ministério foi priorizar uma prefeitura que tivesse planejamento de ampliação e qualificação do órgão de defesa do consumidor.
Embora o coordenador da UGP e o secretário de Urbanismo não possam precisar a data de lançamento do certame licitatório, a expectativa da administração pública municipal é abrir a concorrência pública do restauro ainda no início de 2010. Conforme anunciado pelo prefeito Fetter, na solenidade desta segunda-feira (7) de assinatura de doação do imóvel, na presença do reitor César Borges, a reabilitação da edificação histórica depende de dois órgãos federais. Da Secretaria do Patrimônio Público da União (SPU) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que precisa destinar oficialmente a área ao Município, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela aprovação das intervenções no edifício de alto valor histórico ao País.
O imóvel será totalmente requalificado, conforme o trabalho realizado pela equipe da SMU. Não só a alvenaria, mas as aberturas em madeira passarão por um minucioso e específico trabalho de restauro. De acordo com Oleiro, estão prontos os projetos arquitetônico, elétrico, hidrossanitário, lógico para instalação de redes de computadores e de prevenção contra incêndios.
A ESTAÇÃO FÉRREA DE PELOTAS – LARGO DE PORTUGAL (1884)
Com a implantação da linha ferroviária Rio Grande-Pelotas-Bagé, compondo o tripé econômico “porto-charque-gado”, em 1884, os três municípios passaram a contar com belas e amplas estações. A de Pelotas, localizada no Largo de Portugal, dispunha de um salão principal com bilheteria e acesso ao pátio de trens. O imóvel, que possui 15 cômodos e um andar superior, foi erguido com três portas centrais, marquise de vidro, platibanda com balaústres de cimento e frontão central trabalhado.
Na década de 30, foram construídas duas laterais com porta e janelas, iguais para cada lado. A plataforma de embarque e desembarque é protegida por longa cobertura, estruturada a partir de "mãos-francesas" de ferro. Retirados do prédio, o sino e o relógio, com duas faces, uma para dentro do saguão e outra para o embarque, constituíram-se em importantes elementos da história de Pelotas. A via férrea foi, no final do século XIX, uma alavanca do desenvolvimento urbano do município: a criação de uma rede viária capaz de ligar a estação aos outros bairros impulsionou o crescimento na direção do “largo da estação”.