Unidade da Prefeitura conta com a atuação de 50 profissionais e, em 2020, a equipe será reforçada com a chegada de novos servidores

Inclusão além dos muros: Centro de Atendimento ao Autista é referência para 450 famílias

Unidade da Prefeitura conta com a atuação de 50 profissionais e, em 2020, a equipe será reforçada com a chegada de novos servidores
Por Autor desconhecido 18-02-2020 | 17:31:28
Tags: centro, atendimento, autista, referência, professores

Completando quase seis anos de história, o Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura – unidade da Prefeitura, administrada pela Secretaria de Educação e Desporto, mantém o papel de referência consolidado, no que se refere ao acolhimento e atendimento de autistas. Em 2020, o ano letivo inicia na próxima semana, dia 26 de fevereiro, para 450 crianças, jovens e adultos de Pelotas e de outras cidades da região, que contam com a atuação de 50 profissionais, como professores, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e educadores físicos.

Foto: Igor Sobral/arquivo

Com a homologação do concurso público do Município e a nomeação de 678 servidores para a área da Educação, o Centro terá sua equipe reforçada com o ingresso de novos funcionários escolhidos por seus perfis ligados à Educação Especial. Exemplo é a recém-chegada à unidade, Natasha Abreu, de 28 anos, formada em magistério, graduada em Pedagogia e pós-graduada em Atendimento Educacional Especializado (AEE) – função que exercerá a partir de agora na unidade.  

Professora há onze anos, ela conta que a Educação Especial é que a conquistou desde o início da carreira, quando teve seu primeiro contato com alunos com deficiência. “Foi ainda na época do estágio da faculdade, quando tinha alunas com Síndrome de Down e deficiência visual na minha turma. Alguns anos depois, tive meu primeiro aluno autista e, desde então, percebi minha identificação com a área”, diz.

Universos particulares

Para a diretora do Centro, Débora Jacks, Natasha tem o perfil necessário para atuar na unidade, o que inclui, além do conhecimento, sensibilidade e crença no potencial de cada aluno. Contente pela chegada da jovem que já supervisionou em períodos de estágio e especialização, a coordenadora diz que acreditar e ser apaixonado pela função é essencial para oferecer uma melhor qualidade de ensino.  

Foto: Janine Tomberg
“A nossa equipe tem esse diferencial, de colocar o aluno como foco principal e compreender o universo particular de cada pessoa. O acolhimento e a aceitação vão muito além de recursos e metodologias, é algo humano. Por isso, estou muito feliz de ter a Natasha aqui. Quando soube da abertura do concurso, a incentivei muito”, destacou Débora. 

Atendimento e avaliação individualizada

Considerando a grande quantidade de alunos, as diferentes idades – o aluno mais novo tem 1 ano e o mais velho, 38) – e os diferentes quadros clínicos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), cada aluno é visto como um ser único, considerando suas evoluções, desafios e realidades. Por isso, assim que iniciar o ano letivo, Natasha acompanhará uma turma de AEE, voltada a crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, já em andamento, com vistas a conhecer caso a caso e avaliar o nível de aprendizagem das crianças e jovens.  

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Ela assumirá a turma assim que a professora atual sair em licença-maternidade, tornando a transição mais tranquila para os alunos. A partir dos protocolos de avaliação e observação, que contemplam aspectos sensoriais e de alfabetização, por exemplo, o foco para o atendimento será determinado e aplicado, em encontros de 45 minutos, sejam individualizados, em duplas, trios ou quartetos – dependendo do plano de ação definido. A diretora explica que o Centro segue o modelo preconizado por metodologia portuguesa.

Foto: Marcel Ávila/arquivo

Natasha comenta que, assim como qualquer outra criança, é necessário conhecer o perfil e nível de aprendizado, já que uma criança autista com 6 anos pode apresentar problemas na alfabetização e outra de 3 pode já conseguir ler, por exemplo. Ou seja, não existe um formato único a ser aplicado. 

“Daí a importância fundamental do trabalho em conjunto com escola e familiares e, também, com os outros profissionais do Centro”, disse a professora que se preparava para o concurso da Prefeitura desde 2018, já visando à vaga na unidade.

Simples e grandiosas conquistas

A principal recompensa de atuar na área, para Natasha, é contribuir para as conquistas simples e grandiosas dos alunos. “Nunca vi um aluno com deficiência na minha turma como um problema, mas sim, como um desafio para proporcionar aprendizagens mais significativas, que impactem nas suas vidas. Este retorno é muito especial”, pontuou a professora. Além dela, outras três profissionais de AEE foram nomeadas no concurso para atuar no Centro e outras duas remanejadas na rede para reforçar a equipe. Em breve, também devem ingressar outros fonoaudiólogos, educadores físicos e terapeutas ocupacionais.  

“A Smed tem tido muita sensibilidade para escolher estes profissionais, avaliando a formação e o perfil. Não podemos errar nesta seleção já que somos o suporte para tantas famílias”, observou a diretora.

Inclusão além dos muros  

Débora ressalta que todo o trabalho realizado dentro do Centro tem a intenção de beneficiar a rotina dos alunos em casa e na escola. “A inclusão se dá além dos nossos muros… Eles não estão só aqui, mas nas escolas, na Universidade e convivem em outros grupos”, frisa a diretora, que esclarece a respeito do tripé de atendimento em que se baseia a unidade. Trata-se da parceria entre o Centro, os familiares e os educandários. 

Foto: Marcel Ávila/Arquivo Ascom

“Tanto a família quanto a escola respondem questionários sobre os alunos e suas principais necessidades. Nem sempre o que um elenca como prioridade é indicado pelo outro, portanto, o nosso papel é mediar os apontamentos e decidir o foco de atendimento daquela criança ou jovem”, salienta.  

Qualificação do espaço

Desde a inauguração do Centro, em abril de 2014, o número de beneficiados aumentou cerca de 650%. Em 2017, a prefeita Paula Mascarenhas comprometeu-se em ampliar a unidade de atendimento e, em 2018, garantiu a mudança de endereço do Centro para um espaço maior, mais qualificado e adequado – o que permitiu um salto no número de vagas ofertadas.

Em breve, a unidade finaliza as obras de remodelação das salas de Terapia Ocupacional e de Psicomotricidade, além de organizar um novo espaço de relaxamento e descanso para alunos e profissionais que trabalham durante todo o dia no local. Assim como em outros anos, a parceria com as universidades é importante para o andamento e aprimoramento das atividades, através da realização de pesquisas acadêmicas e da atuação de estagiários de diversas áreas, como Psicologia, Pedagogia, AEE e Nutrição.  

Débora assinala a orientação dada aos familiares quanto à duplicidade de atendimento, ou seja, no Centro e em demais unidades, considerando que as linhas podem divergir e prejudicar os alunos. Desta forma, a prioridade do Centro é acolher as crianças e jovens que não podem custear consultas e atividades na rede privada, a fim de beneficiar quem mais precisa.  

Ela também recorda a relevância de ver a questão de forma intersetorial, abrangendo os aspectos de saúde, educação e assistência social – como preconiza a Lei nº 15.335, sancionada pelo governo estadual em 2019, instituindo a Política de Atendimento Integrado à Pessoa com Transtornos do Espectro Autista.

Semana de formação

Desde segunda (17) até sexta-feira (21), a equipe da unidade participa de formação continuada, com vistas a organizar o atendimento para este ano. Na manhã desta terça (18), a professora da Universidade Federal de Pelotas, Rita Cóssio, falou sobre processos de avaliação. 

O Centro de Atendimento ao Autista Doutor Danilo Rolim de Moura fica localizado na rua General Argolo, 1801, e atende no telefone 3222-4711.

Foto: Janine Tomberg

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