Prefeitura lança Plano de Resiliência de Pelotas na Copsul
A Prefeitura, por meio das secretarias de Planejamento e Gestão (Seplag) e Qualidade Ambiental (SQA), lançou na noite de segunda-feira (24) o Plano de Resiliência Climática de Pelotas na abertura da segunda fase da programação da Conferência Sul sobre Mudanças Climáticas (Copsul) - evento que teve início dia 10 deste mês com as transmissões das sessões da COP 30, em Belém (PA), e com as rodas de conversa em territórios do município. O lançamento foi realizado no auditório do IFSul, com direito à mesa redonda sobre “Resiliência climática e transformação urbana”. Estiveram presentes o prefeito Fernando Marroni, a reitora da UFPel, Úrsula Rosa da Silva, e o reitor do IFSul Carlos Jesus Correa - instituições parceiras da administração no projeto Pelotas Global, ao qual a Copsul está inserida.
“A Copsul nos dá oportunidade de ouvirmos a ciência e as comunidades, e é a partir dessa escuta qualificada que nasce o compromisso que apresentamos hoje [segunda-feira, 24] de forma oficial, o Plano de Resiliência Climática de Pelotas, o primeiro documento municipal pensado com base em diagnóstico técnico, evidências científicas e, sobretudo, escuta comunitária”, afirmou Marroni. O documento reúne riscos, vulnerabilidades, estratégias e ações de curto, médio e longo prazo, integrando diversas áreas da administração . “É um pacto político da nossa gestão com uma Pelotas preparada, sustentável, capaz de enfrentar crises e proteger, prioritariamente, quem mais precisa”, completou o prefeito.
O prefeito Fernando Marroni discursa na abertura da programação de lançamento do Plano de Resiliência Climática de Pelotas no auditório do IFSul, na noite de segunda-feira (24), durante a Copsul (Fotos: Volmer Perez/Secom)
Coube ao secretário de Qualidade Ambiental, Márcio Souza, apresentar o Plano, que prevê principalmente a combinação de dois elementos centrais - recuperação arbórea e cuidados com recursos hídricos. Foram dez meses de estudos que envolveram voluntários do IFSul e UFPel, entre professores, pesquisadores e estudantes.
De acordo com Souza, o Plano de Resiliência Climática de Pelotas consiste em produzir um cinturão verde no limite das áreas rural e urbana, onde há inúmeras propriedades públicas e privadas. Nessas, o Plano orienta o município a trabalhar com créditos de carbono para a médio e longo prazo transformar esses valores em serviços ambientais, remunerando o proprietário do terreno onde vai passar o cinturão a se integrar ao projeto, não apenas para conservá-lo mas para expandi-lo.
Além do cinturão verde, o Plano de Resiliência mantém o foco na área rural, onde está a maioria das nascentes do território do município. Conforme o titular da SQA, a Prefeitura, juntamente com a Emater, mapeia as áreas desses mananciais a fim de recuperar o adensamento arbóreo do entorno e também a mata ciliar dos principais recursos hídricos do município - medidas que garantem mais e melhor qualidade da água para consumo humano, com menos necessidade de tratamento químico.
Do rural para o urbano: no Plano constam corredores ecológicos nas principais vias em direção, primeiramente, aos parques e praças, com plantio de espécies nativas e frutíferas para ampliar o número de vegetais por habitante. Atualmente, são três espécies e meia por habitante em Pelotas, bem abaixo do que recomendam estudos recentes - que apontam de 12 a 15 para se chegar a uma condição considerada adequada do ponto de vista de resiliência climática e qualidade do ar.
Após os corredores verdes chegarem aos principais parques e praças, o caminho é em direção a bairros cujas populações, predominantemente, se enquadram em situação de vulnerabilidade social. Estudo da Universidade de São Paulo (USP) citado pelo secretário demonstra que o alcance de um processo de rearborização tem potencial para aumentar a expectativa de vida e melhorar as condições gerais de saúde.
O secretário de Qualidade Ambiental apresenta o Plano de Resiliência Climática de Pelotas no auditório do IFSul. Estudo prevê recuperação arbórea nas zonas urbana e rural, e cuidado com os recursos hídricos do município
“A ideia é que em dez anos, para além deste governo, Pelotas consiga dobrar a cobertura vegetal da área urbana, que vai ajudar a diminuir a temperatura da cidade em dois graus em média e melhorar a qualidade da água”, disse Souza.
Sonho possível
Conforme o secretário, para chegar aos objetivos propostos pelo Plano, a Prefeitura no momento negocia com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela duplicação da BR 116, uma mitigatória para plantar 250 mil mudas em Pelotas. Paralelamente, a gestão recorre a termos e a compromissos ambientais previstos em lei para que empreendimentos que movimentam o solo e subtraem vegetais devolvam cinco vegetais não naturais da região e outros 15 de espécies nativas. “Faremos um amplo processo de buscar mais 500 mil mudas para chegar a 750 mil dentro do atual governo - é possível”, aposta.
Programação
A agenda da Copsul continua nesta terça-feira (25) sob o tema Economia sustentável e inovação, com a Mostra de boas práticas, pesquisa e inovação e feira de produção local, a partir das 17h na Otroporto (rua Benjamin Constant, 701-A (Porto).