Antiga sede da Secretaria de Finanças e do Banco do Brasil vai abrigar a Escola de Gastronomia do Senac
Por César Soares 02-08-2021 | 15:03:42
Colaboração: Joice Lima
A semana começa com uma grande notícia para a preservação do patrimônio arquitetônico da cidade. A prefeita Paula Mascarenhas e o presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Luiz Carlos Bohn, anunciaram, nesta segunda-feira (2), uma parceria para restaurar o prédio da antiga Secretaria de Finanças do Município, localizado na esquina da praça Coronel Pedro Osório com o Largo do Mercado Central. A ideia é que o espaço seja sede da Escola de Gastronomia do Senac, com uma cafeteria e um memorial aos doces de Pelotas.
Por meio de uma transmissão on-line, a prefeita detalhou algumas investidas para a recuperação e destinação do prédio. "Todos os anos e meses da minha gestão, tenho pensado nesse prédio. Toda vez que chego à Prefeitura, eu olho e ele está aqui me dizendo, como que me pedindo um caminho para poder abrir as portas para comunidade de Pelotas, para ser recuperado", refletiu.
Estimulada pelo programa Iconicidades do governo do Estado, para realização de projetos representativos para as cidades, Paula, mais uma vez, pensou em incluir a edificação histórica da Praça para concorrer no edital de fomento. Entretanto, faltava um parceiro para viabilizar a obra e uma destinação relevante para o local, que também incluísse o turismo. Foi então que a Fecomércio aceitou o desafio de recuperar o prédio e ocupá-lo com uma Escola de Gastronomia do Senac.
O presidente da Fecomércio ressaltou que a conversa sobre o prédio, emblemático, segundo ele, já vinha de algum tempo, e disse estar muito feliz pelo projeto ter dado certo. "Aceitamos o desafio e vamos, sim, restaurar, junto com a Prefeitura, esse prédio histórico, tão bonito, e estabelecer a nossa Escola de Gastronomia. Fico muito feliz de fazer o anúncio dessa união que deu certo", disse Bohn, ao agradecer o empenho do vice-presidente da instituição, Gilmar Bazanella, também secretário de Desenvolvimento, Turismo e Inovação do Município.
O projeto arquitetônico para a recuperação do prédio histórico já foi apresentado ao Iconicidades, mas, independentemente de ser selecionado, o martelo já foi batido quanto à recuperação e destinação. A projeção é que o restauro fique orçado entre R$ 10 e 12 milhões. A Prefeitura garantirá R$ 5 milhões e a Fecomércio aportará o restante.
"A grande notícia é que nós encontramos uma forma de salvar o último prédio histórico sem restauração no entorno da Praça Coronel Pedro Osório", frisou a prefeita.
Localizado no Centro Histórico de Pelotas, na esquina da praça Coronel Pedro Osório com rua 15 de Novembro (Largo do Mercado Central), o prédio foi construído entre os anos de 1926 e 1928 para sediar a 19ª agência do Banco do Brasil no país. Tempos depois, o edifício foi ocupado pela Secretaria de Finanças, até 2010, quando foi fechado. Naquela época, o prédio foi cedido à Câmara de Vereadores, que chegou a fazer um projeto para restauração, mas desistiu do seu uso.
O imóvel é integrante do patrimônio cultural do Município, protegido pela Lei 4568/2000. Também é um dos bens que recebeu indicação de Tombamento Parcial Federal, em 2018, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Como seria financeiramente inviável ao Município executar a restauração completa do prédio, o plano para protegê-lo é a alienação, ou seja, passá-lo a quem terá condições de preservá-lo. Enquanto isso não ocorre, diversas ações paliativas, de caráter emergencial, foram executadas para manutenção do imóvel, com o objetivo de conter sua degradação e evitar mais danos à estrutura, provocados pelo tempo.
Em 2019, foi contratada uma empresa especializada para limpeza que retirou 14 coletoras de material orgânico, proveniente da invasão de pombos e morcegos e, também, foram instaladas telas de proteção na fachada e vidros nas janelas, para coibir a entrada de animais e invasores. Ainda foi providenciada a atualização do laudo técnico sobre a estabilidade estrutural da cúpula e telhado. O documento apontou a necessidade urgente de estabilização estrutural. Em maio de 2020, foi aprovado o uso de recursos do Fundo de Preservação, em reunião virtual do Conselho Gestor, e foi contratada uma empresa de engenharia, que fez o projeto da obra de estabilização da estrutura do prédio.
A Prefeitura concluiu o processo licitatório para contratação da empresa que irá executar o projeto. A previsão é que a obra para estabilização da estrutura comece nos próximos meses.