Desde maio, projeto da Prefeitura transforma a realidade de 25 crianças e adolescentes da cidade. Primeira grande apresentação do grupo será na Feira do Livro

Orquestra Estudantil Municipal investe nos sonhos e no talento de jovens pelotenses

Desde maio, projeto da Prefeitura transforma a realidade de 25 crianças e adolescentes da cidade. Primeira grande apresentação do grupo será na Feira do Livro
Por Autor desconhecido 26-10-2018 | 15:00:46
Tags: orquestra estudantil , música , arte , educação

      No mês em que se celebra em todo o mundo o Dia Internacional da Música, Pelotas tem motivos de sobra para comemorar. Desde maio, 25 alunos da rede municipal de ensino veem suas vidas sendo transformadas pelo poder da música, com a criação da Orquestra Estudantil Municipal. A harmonia e a melodia aprendidas nos ensaios, sob a regência da professora Lys Ferreira, ecoam para o dia a dia das crianças e adolescentes, e refletem em uma aposta para os seus futuros.

Fotos: Luiza Meirelles

      O caminho é longo, mas o propósito em comum e o amor pela arte unem o grupo semanalmente para os ensaios; a maioria utilizando-se de instrumentos adquiridos pela Prefeitura, alguns levando os próprios. 

“Ainda estamos engatinhando, mas já evoluímos muito. São jovens que vêm de escolas e realidades diferentes, ainda se acostumando com a sonoridade dos instrumentos. Todos muito talentosos, que precisavam de uma oportunidade como essa”, disse Lys.

      A professora comemora os novos desafios que vêm pela frente: dia 12 de novembro, a Feira do Livro será palco para a estreia da Orquestra em um evento e a primeira oportunidade para apresentarem-se a um grande público. Uma mostra do que será esta experiência foi vivenciada pelo grupo dia 10 de outubro, quando os artistas percorreram escolas do Areal, a fim de mostrarem o projeto e inspirarem novos talentos.

Dia de estreia

      A ansiedade intrínseca a toda estreia logo foi dando espaço ao entusiamo e à alegria de despertar em outros jovens o gosto e o amor pela música. Organização, disciplina e concentração não puderam faltar na manhã corrida de apresentações. Preparar instrumentos; tocar; guardar os itens; ir rumo à próxima escola. O padrão se repetiu três vezes durante as visitas às Escolas de Ensino Fundamental Afonso Viseu, Círculo Operário Pelotense e Cecília Meireles, sempre associado ao sorriso no rosto dos adolescentes e ao encantamento de representar a arte.

Fotos: Luiza Meirelles

      No repertório, desde clássicos, como a 9ª Sinfonia de Beethoven e a trilha sonora do filme Titanic, até temas atuais conhecidos pelo público jovem, como Trevo, da dupla Anavitória, e Era Uma Vez, de Kell Smith. “Achei muito lindo e inspirador. Já conhecia o projeto, mas ver eles aqui me fez querer participar também da Orquestra”, admitiu a aluna da escola Cecília Meireles, Emily Rodrigues, 14, que toca flauta doce.

Novas experiências

      O dia também foi de novidades para Carolina Poxela Borraz, 13 anos, que se apresentou nos vocais, pela primeira vez, com a Orquestra. A voz doce e afinada da adolescente emocionou o público que acompanhava as apresentações. Entre os espectadores, uma especial: a mãe – e fã número 1 – da estudante, que não escondeu o orgulho e o desejo de ver a filha seguindo no caminho da música. “O maior benefício é a alegria e a felicidade dela”, disse Chana Borraz.

      Sobre a relevância de incentivar outros jovens a entrar neste universo, Carolina diz que considera importante, já que ele ainda é pouco divulgado no município. “Vamos seguir levando a Orquestra para outros colégios e introduzindo a música cada vez mais”, reforçou a menina.

Carolina em apresentação na Emef Afonso Viseu. Foto: Luiza Meirelles

      A aluna da Afonso Viseu referiu-se ao cronograma de visitas que o projeto seguirá cumprindo; educandários do Fragata e das Três Vendas são as próximas regiões a receberem a apresentação do grupo.

O poder da música

      Pedro Henrique tem 16 anos, estuda na escola municipal Ministro Fernando Osório e é autista. Os olhares atentos, as mãos coordenadas às teclas do teclado e o sorriso entusiasmado durante a aula demonstram como o projeto tem transformado sua rotina, que agora é completa com as aulas pela manhã e os ensaios à tarde.

“Às vezes ele toca durante três horas seguidas em casa, o que é muito difícil para um autista. A Orquestra trouxe um encantamento e uma emoção que tocaram ele e toda a nossa família… Veio para mudar as nossas vidas”, contou a mãe de Pedro Henrique, Karen Rosane Scheer.

      A mãe faz questão de acompanhar todos os ensaios e se surpreende com o engajamento do filho que, mesmo estudando durante a manhã, sai de casa feliz e animado para a aula. Quando questionada sobre o que vê de mudanças no dia a dia de Pedro, Karen não tem dúvidas: “Ele está muito mais alegre, comunicativo e motivado. É um projeto lindo, que não faz bem só para o meu filho, mas para toda essa gurizada”.

Pedro Henrique tem 16 anos e toca teclado na Orquestra Estudantil. Fotos: Luiza Meirelles

      A música também mudou a vida de Giovana Seixas, 13 anos. Estudante da Escola Municipal Cecília Meireles, a menina, que hoje toca piano e violão, vê na arte a possibilidade de conquistar os seus sonhos. “Não consigo definir o que é a música… Pra mim ela é abstrata e psicológica, uma paixão que quero levar adiante, poder ensinar meus filhos e netos a gostarem também”, deseja Giovana.

Investir em talentos

      A Orquestra Estudantil Municipal é um projeto da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), e foi idealizada pelo secretário Artur Corrêa, que assistiu uma apresentação da Orquestra Estudantil Areal, coordenada pela professora Lys Ferreira há quatro anos. Trabalha tanto a parte teórica – de instrumentos como violino, viola, flauta, violão, contrabaixo, violoncelo e teclado – como a prática. Os ensaios ocorrem todas as segundas-feiras, das 15h às 18h, no auditório da Escola Técnica Estadual João XXIII.

      Os alunos da rede municipal interessados em compor o projeto devem possuir algum instrumento – uma vez que todos os disponibilizados pela Smed já são utilizados na Orquestra – e também ter um pouco de experiência para acompanhar o grupo. Mais informações com a professora Lys, de segunda a quarta-feira de manhã, no telefone 3284-2600.

Conhecimentos que enriquecem

      Neste mês, o grupo pôde aprender e ensaiar com a professora de violino da Universidade Federal do Ceará (UFC), Liu Man Ying, que veio a Pelotas para apresentar metodologias de ensino coletivo de cordas. A especialista aponta a música como uma ferramenta para canalizar sentimentos e, ao mesmo tempo, internalizar elementos benéficos para a vida destes jovens, entre eles, a disciplina.

“A música é, acima de tudo, terapêutica e uma das únicas linguagens em que se pode conversar várias vozes ao mesmo tempo. Essa harmonia ajuda a organizar o interior das crianças que, muitas vezes, não conseguem processar as dificuldades que vivenciam e as transformam em atos violentos”, explicou Liu.

Notícias Relacionadas

Marroni participa da abertura do Robopel 213

Marroni participa da abertura do Robopel 213

SME entrega certificados de conclusão do curso de gestão

SME entrega certificados de conclusão do curso de gestão

SME sedia seminário sobre Leitura e Escrita na Educação Infantil

SME sedia seminário sobre Leitura e Escrita na Educação Infantil

SME realiza formação sobre o Censo Escolar 2025 na próxima semana

SME realiza formação sobre o Censo Escolar 2025 na próxima semana