Mortalidade infantil:Pelotas tem queda de quase 100% em 2 anos
Pelotas, em função de uma eficiente campanha de redução no índice da mortalidade infantil (crianças de 0 a 1 ano), vem se destacando, batendo suas metas e atingindo resultados superiores a diversos municípios do Estado. Se comparado a taxa obtida em 2005 (20,5 óbitos/mil), o índice atual demonstra uma queda de quase 100%, visto que a taxa deste ano gira em torno dos 12 óbitos/mil.
Conforme declara o secretário municipal de Saúde, Francisco Isaías, a mortalidade infantil é o indicador mais sensível para demonstrar a qualidade da saúde de um município. Ele esclarece que o índice de mortalidade é calculado em comparação ao número de crianças nascidas. Por este motivo, a Secretaria Municipal de Saúde executou um levantamento de dados, a fim de avaliar a eficiência da campanha.
Para se ter uma idéia, em 2006 nasceram 4.248, e o índice de mortalidade infantil registrado foi de 15.5/mil (Pelotas encerrou 2006 com a menor taxa dos últimos dez anos). Em 2007, de janeiro até junho, nasceram 2.072 crianças e o índice foi de 11,5/mil. A meta estipulada para 2007 era baixar para 13 óbitos/mil, que foi o índice estadual registrado em 2006. Conforme mostra Isaías, se tudo continuar como está, o município atingirá uma taxa ainda menor que a média, o que demonstra a eficácia da campanha.
Em 2005 foram 86 mortes de crianças de 0 a 1 ano. Em 2006 foram 66. O número absoluto de mortes de janeiro a setembro, em 2006, foi 53. Em 2007, no mesmo período, foram 38 mortes. “Houve uma diminuição de 15 mortes, o que mostra a grande evolução que atingimos neste âmbito”, comemora o secretário. A estimativa da equipe é de se feche o ano com a taxa em torno dos 11 óbitos/mil, visto que já passou o período do inverno, que é o mais crítico.
Se comparado com outras cidades do Estado, o índice municipal está satisfatório. De janeiro a junho de 2007, a taxa em Pelotas foi de 11,58/mil, em Canoas foi 13,94/mil, o município de Viamão registrou 17,6/mil, Porto Alegre 12,19/mil e Santa Maria 10,42/mil.
Campanha em Pelotas
O trabalho de redução da mortalidade infantil em Pelotas é desenvolvido em parceria entre município, Estado e o Centro de Pesquisas da UFPel. O professor César Victora, do Centro de Pesquisas, acredita que a queda nos índices é resultado de um trabalho de investigação, planejamento e ação. O grupo faz reuniões todos os meses e investiga cada morte de criança de 0 a 1 ano, com o objetivo de identificar as causas e trabalhar em cima da realidade local.
Além disso, existe uma série de medidas que fazem da campanha um sucesso. Existe o chamado “teste rápido”, feito nas Unidades Básicas de Saúde, que funciona tal qual os testes de farmácia, para detectar a gravidez. A mulher que está com a menstruação atrasada, ou que desconfia estar grávida, pode procurar as unidades e fazer o teste. O resultado é instantâneo, e ele possui 98% de eficácia.
Outra vantagem oferecida às gestantes é a requisição diferenciada de exames. Elas recebem requisições de cor diferente dos demais pacientes, e, assim, os laboratórios lhes dão prioridade, agilizando seu atendimento.
Há, ainda, orientação às mães, quanto a posição do bebê (devem dormir de barriga para cima) e quanto a cuidados - o fumo materno, bem como o de qualquer outro familiar no ambiente em que vive o bebê, deve ser evitado.