Obras de seis artistas da Cooperarte estão à mostra na sala Frederico Trebbi, da prefeitura, até o dia 21

'Lanceiros Negros' propõe reflexão sobre o Massacre de Porongos

Obras de seis artistas da Cooperarte estão à mostra na sala Frederico Trebbi, da prefeitura, até o dia 21
Por Joice Lima 06-09-2018 | 18:06:22
Tags: exposição lanceiros negros, massacre de porongos, militância negra

      No início da noite de quarta-feira (5), foi aberta a exposição 'Lanceiros Negros - A sua história através dos tempos!', uma iniciativa da Cooperarte Pelotas com apoio da Secretaria de Cultura (Secult). Obras de seis artistas que integram a mostra podem ser vistas até o dia 21 de setembro, das 12h30min às 18h30min, na sala Frederico Trebbi, no hall do Paço Municipal. 

Fotos: Gustavo Vara
"É um prazer disponibilizar a principal sala de exposições da Prefeitura, nesse prédio que é um patrimônio histórico da cidade e que foi construído com mão de obra escrava. Muito da nossa cultura foi trazida da África e tudo isso faz parte da nossa história, constitui o que cada um de nós somos. Esse patrimônio material e imaterial do Brasil é um orgulho para todos nós", disse a prefeita Paula Mascarenhas, ao visitar a exposição.

      Coordenador da mostra, Jonas Fernando diz que a intenção é lembrar a Traição de Porongos (veja abaixo), "quando os Lanceiros Negros, guerreiros que ficavam na frente de batalha e foram heróis invisíveis da Revolução Farroupilha, foram traídos pelo general David Canabarro e massacrados". 

      "Sequestraram o povo africano em um processo de sub-humanização. Os Lanceiros eram escravos alistados com a promessa de liberdade, que nunca foi cumprida", conta Fernando. Ele diz que eram raros os que tinham alguma arma de fogo, a grande maioria lutava com lanças e facas - foi a utilização das lanças para espetar a carne que assavam no fogo de chão que teria originado os espetos de churrasco, explica. Canabarro os teria convencido a entregar suas armas, para que logo fossem cercados e massacrados pelos defensores do Império. 

Fotos: Gustavo Mansur
"A Fonte das Nereidas, hoje tão festejada, foi local público de açoites. A Praça Coronel Pedro Osório era cercada por arame farpado para barrar o acesso dos negros, que não eram considerados cidadãos. As pessoas precisam conhecer a sua história. Que o Massacre de Porongos nos provoque reflexões, para que não sigamos nesse processo de colonialismo", pondera o artista, militante do Movimento Negro. 

      A secretária de Governo, Clotilde Victória, o diretor de Manifestações Populares da Secult, Paulo Pedrozo, e a gerente de Manifestações Populares, Helenira Brasil, prestigiaram a exposição, que conta com trabalhos de Jonas Fernando, Alessandro Flores, José Darci, Paulo Corrêa e Mariana Duarte Santos, entre outros. Também participaram da cerimônia de abertura o historiador e advogado Fábio Gonçalves e Sandra Ávila, da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), parceira do evento.

Itinerante

      Essa é a terceira edição da exposição Lanceiros Negros. Após o dia 21 de setembro, ela se torna itinerante e, até dezembro, as obras percorrem escolas públicas e privadas. Interessados em receber o evento podem entrar em contato pelos seguintes endereços eletrônicos: hwesu43@gmail.com e fatimarte48@gmail.com, ou pelos telefones 9.8449.0676 e 9.9160.2792.

Massacre de Porongos ou Traição dos Porongos

      Foi o penúltimo confronto da Revolução Farroupilha (1835-1845). A batalha ficou conhecida como uma das maiores perdas que o movimento republicano teve na Guerra dos Farrapos e foi a principal responsável pelo fim da maior revolução da história brasileira. 

      Em 14 novembro de 1844, cerca de um ano antes do fim da Guerra dos Farrapos, e com as negociações de paz já em andamento, os mais de 1200 republicanos, liderados pelo general David Canabarro, foram cercados e completamente abatidos pelos mais de 1100 guerrilheiros apoiadores do Império, conduzidos por Francisco Pedro de Abreu. Por conta do cerco e da estratégia militar construída por Francisco de Abreu, foi possível abater os republicanos e, consequentemente, paralisar o movimento revolucionário anti-imperial.

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