Festival da Igualdade Racial reforça os valores da educação, cultura e respeito no combate ao preconceito
O Festival da Igualdade Racial se apresenta como uma iniciativa que chega para ficar na programação cultural de Pelotas. O evento teve sua abertura oficial no Salão Frederico Trebbi, no saguão da Prefeitura Municipal, no início da tarde desta sexta-feira (14).
Idealizado pela Secretaria Municipal de Igualdade Racial (Smir) e executado em parceria com o Sesc, o evento é uma iniciativa para marcar o Mês da Consciência Negra no município, somando-se a outras ações desenvolvidas por entidades e movimentos sociais.
Apresentação com tambor de sopapo na solenidade de abertura do Festival de Igualdade Racial, no saguão da Prefeitura na tarde desta sexta-feira (14)
A abertura contou com a presença de autoridades. O prefeito Fernando Marroni saudou o público lembrando que o tema da consciência negra não é novidade em Pelotas. Durante a primeira gestão de Marroni, em 2002, a Administração Municipal aprovou na Câmara de Vereadores uma legislação que colocava o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, como feriado municipal. “Pelotas foi a primeira cidade no Rio Grande do Sul a se levantar e a mostrar que era preciso que a gente estabelecesse essa data para a reflexão e a luta, mas também para que a gente se alegre e comemore as nossas vitórias,” explicou.
Conforme o prefeito, pela herança negra que Pelotas carrega, é importante que o município demarque com veemência novembro como Mês da Consciência Negra. “No ano que vem, queremos fazer uma festa internacional em nossa cidade, marcando-a em nosso calendário para sempre, trazendo cultura, debates e discussões relacionadas a este tema”, finalizou.
Em sua fala, o titular da Smir, secretário Júlio Domingues, deu ênfase ao lançamento da campanha “É racismo? Denuncie”. A iniciativa ressalta o trabalho que já vem sendo desenvolvido pela secretaria desde o início de suas atividades, em fevereiro. A ação busca informar a população sobre o que é racismo e estimular a formalização de denúncias, com o registro de ocorrências policiais.
Domingues avaliou que o número de registros oficiais ainda é muito pequeno diante da quantidade de casos tornados públicos. “O nosso recado é que a Prefeitura Municipal vai ser aliada para enfrentar o racismo na cidade de Pelotas, para que esse crime tão cruel passe a ter os agressores realmente responsabilizados”, declarou.
O secretário reforçou que a Smir mantém um trabalho de acolhimento, orientação e apoio na formalização de denúncias, com atendimento presencial de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, na Rua Três de Maio, nº 1070 (Fone: 3199-0035). A secretaria também possui um número de whatsapp em regime de plantão - 53 9141-1026.
O gerente do Sesc Pelotas, Luís Fernando Parada, frisou a relevância de Pelotas contar com uma Secretaria de Igualdade Racial e agradeceu o convite para que sua entidade participasse da organização do evento. “Uma parcela da sociedade ainda não tem essa consciência e a busca por igualdade racial realmente precisa ser evidenciada”, comentou.
Representando a Câmara de Vereadores, o vereador Cauê Fuhro Souto salientou a pertinência da criação das secretarias de Igualdade Racial e de Política Para Mulheres na atual gestão e colocou-se a disposição para a destinação de novos recursos.
O Festival foi realizado com recursos de R$ 58 mil, provenientes de emenda parlamentar. O valor surgiu do desmembramento de emenda impositiva de R$ 625.799,00 do vereador Cauê Fuhro Souto, que teve impedimento técnico para sua aplicação. Desta forma, houve o fracionamento do montante, e a Smir foi uma das contempladas com recursos de livre execução para projetos de fortalecimento de políticas públicas da pasta.
Aula pública deu sequência à programação
Após a abertura oficial, uma aula pública sobre combate ao racismo e educação antirracista foi apresentada a estudantes das escolas municipais de Ensino Fundamental Dona Mariana Eufrásia e Jeremias Froes.
O primeiro a falar foi o mestre griô Dilermando Freitas. Ao som do tambor sopapo, ele trouxe música e reflexões para o público. Em avaliação da atividade, ele considerou a atividade positiva para a cidade, que traz em sua história ainda as manchas da escravidão. “É importante que a população conheça o que representa o sopapo na cultura pelotense e minha função, como mestre griô, não é só contar a história, é trazer essa circularidade da educação que eu vivo dentro do terreiro, que é a circularidade de Nanã”, comentou, fazendo menção à orixá.
A aula pública prosseguiu com a intervenção das servidoras do departamento de Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), da Secretaria Municipal de Educação, e foi encerrada pelos servidores da Smir. Ao final, os estudantes receberam um kit com folheto e cartilha com informações para educação antirracista. Também estiveram presentes ao evento estudantes do Senac e do curso de Gestão Pública da UFPel.
Logo em seguida, a programação musical teve início no Largo do Mercado. A tarde de sol prenunciou uma noite agradável para quem foi prestigiar as atrações artísticas. A primeira banda a subir ao palco foi a Preto de Sapato, às 16h. Na sequência, apresentaram-se Laddy Dee, Filhas de Obá, Samba de Terreiro, Leh Moraes e Maurel Duarte. No intervalo entre os shows, o DJ Nenê Konfirmado manteve a animação da plateia.