
Na linha de frente do diagnóstico da Covid-19
Ficar em casa durante a pandemia do novo coronavírus é um dos hábitos que mais contribui com a preservação da vida ao evitar a propagação do vírus na população. Para atender aqueles que apresentam sintomas e se enquadram no quadro de grupos protocolado para testagem tipo RT-PCR pelo Município, a Vigilância Epidemiológica (Vigep) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem atuado com profissionais da saúde para realizar coleta em domicílio.
Equipe realiza coletas de exame a domicílio - Fotos: Michel Corvello
Seguindo todos protocolos de segurança, a preparação para um dia de coleta começa logo no início da manhã, quando as técnicas em enfermagem e as enfermeiras que realizam a atividade se paramentam com macacão, avental, luvas, pro-pé, touca, máscara de proteção N95, face shield e óculos.
Em duas vans, as equipes se dividem para atender as comunidades de diferentes bairros pelotenses. Segundo a enfermeira Natália Vargas, o paciente suspeito é notificado pelo seu médico ou pela unidade de saúde o qual atendeu e, posteriormente, analisado pela Vigep.
“Vemos se ele se encontra dentro dos nossos protocolos de coletas, contatamos a pessoa para preencher dados e pegar mais informações, além de avisar o dia previsto para a visita”, explica uma das profissionais responsáveis pela coleta, bem como pela organização do fluxo das equipes.
As coletoras atuam com pacientes que estão entre seu terceiro e sétimo dia de sintomas e realizam, em média, 15 coletas por dia. Esses exames são encaminhados para o Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen/RS), onde são analisados e o resultado da amostra é enviado de volta para a Vigilância, a qual comunica o paciente e o profissional ou unidade de saúde que notificou.
Natália conta que as profissionais acompanham as mudanças de protocolos que o Estado realiza, que vêm buscando ampliar seu grupo de testagem. Atualmente, todas as pessoas com sintomas de síndrome gripal avaliadas por médicos podem ser testadas, sendo esses grupos os prioritários:
- Pessoas com 50 anos de idade ou mais;
- Gestantes (em qualquer idade gestacional) e puérperas;
- Profissionais que trabalhem em veículos de transporte de cargas e transporte coletivo de passageiros;
- Profissionais do setor portuário (portos e navios);
- Trabalhadores de Estabelecimentos de Saúde que atendem pacientes com síndrome gripal e síndrome gripal aguda grave e da Vigilância em Saúde;
- Trabalhadores da Administração Penitenciária – SEAPEN que exerçam atividades operacionais e aqueles da área da saúde dessas instituições;
- Trabalhadores da Segurança Pública que exerçam atividades operacionais e aqueles da área da saúde nestas instituições;
- Trabalhadores da Assistência Social;
- Trabalhadores do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente;
- População Quilombola;
- População Indígena.
A enfermeira destaca que as equipes estão sendo bem recepcionadas nas residências dos pacientes.
“Chegamos nos identificando desde o veículo. Acredito que os pacientes nos acolham bem porque sabem que estamos preocupados em cuidá-los e com sua situação. Vamos preparados para entrar em um ambiente que é potencialmente contaminado; às vezes as pessoas se assustam porque chegamos com aquele monte de roupas, mas na dúvida precisamos entrar naquele local assim, não podemos arriscar”, ressalta.
A mudança na rotina pessoal
Natália lembra que estava de férias no início da pandemia em Pelotas, no mês de março, e precisou retornar antes. Ela diz que a doença é um desafio diário e cobra muito aprendizado. “Temos os protocolos e as notas informativas que saem frequentemente, tendo que estudar e entender para saber orientar os profissionais de todo município, através de um celular destinado apenas para essa função, todos os dias, durante 24 horas”, conta.

Natália realiza testagens a domicílio e organiza fluxo das coletas - Foto: Michel Corvello
“Eu me afastei da família. Moro sozinha e não vou visitar meus pais e meu irmão, eles também não vão lá em casa. A preocupação maior não é nem comigo mesma, mas é eu transmitir isso para as pessoas.. Acredito que seja uma preocupação geral dos profissionais de saúde”, afirma a enfermeira.
Outra enfermeira que atua nas coletas de exames a domicílio, Bruna Berny, conta que sua maior dificuldade é em relação à proteção do filho, de dois anos. “O cuidado é redobrado ao ter contato e não tenho como me afastar dele, trabalho aqui pela manhã e em uma [Unidade Básica de Atendimento Imediato] Ubai no turno da tarde, então é uma rotina de chegar, tirar a roupa que estava, colocar outra para ir até o banheiro, tomar banho e depois pegar meu filho”, relata.

Bruna relata a mudança que fez em sua rotina - Foto: Michel Corvello
Ela frisa que o desconhecido da situação motiva atender aqueles que a procuram atrás de informações e orientação. “As pessoas estão preocupadas e conversar com elas é muito importante, principalmente na coleta”, acredita.
A técnica em enfermagem, Betânia Pozzedin, também enfrenta a alteração de rotina visando proteger seus filhos e compartilha que o trabalho em equipe ajuda nos momentos de apreensão. “A gente lida como se tudo tivesse contaminado. Já é hábito passar álcool gel em tudo que vamos tocar. O motorista nos ajuda para que a gente não tenha contato, ele passa o álcool na gente para tentar evitar ao máximo a contaminação”, comenta.

Betânia é grata por estar na linha de frente do coronavírus - Foto: Michel Corvello
Betânia finaliza: “Mas é gratificante estar na linha de frente. Quando chegamos na casa das pessoas, nós somos acolhidos porque as pessoas se sentem acolhidas”.
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