Autarquia municipal pelotense é a única do Rio Grande do Sul responsável por gerenciar os quatro eixos do saneamento básico

Sanep completa 60 anos de história

Autarquia municipal pelotense é a única do Rio Grande do Sul responsável por gerenciar os quatro eixos do saneamento básico
Por Matheus Cabistany 25-10-2025 | 07:36:06
Tags: sanep , aniversário , 60 anos

O Sanep celebra 60 anos de história neste sábado (25). Em um município cercado por mananciais, o trabalho desenvolvido pela autarquia, responsável pela gestão dos serviços de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos, está diretamente ligado às rotinas diárias da população pelotense. Atualmente, mais de 800 servidores públicos atuam com a missão de aproximar o município da universalização do saneamento básico.

As seis décadas de serviços prestados inserem o Sanep como parte essencial do cotidiano da comunidade, afirma o prefeito Fernando Marroni. 

“Temos grande orgulho e imenso carinho pelo Sanep, por tudo o que representa para o município. Páginas importantes da história de Pelotas foram escritas graças ao trabalho de servidores públicos competentes e comprometidos com o presente e o futuro da cidade. Hoje, celebramos os 60 anos de uma instituição que conta com o nosso apoio e admiração”, salienta.

Autarquia municipal completa 60 anos de serviços prestados à população pelotense. Fotos: Volmer Perez/Secom

O começo

A condição hidrográfica de Pelotas sempre foi favorável ao desenvolvimento. A cidade está às margens do canal São Gonçalo, que conecta as lagoas Mirim e dos Patos — entre os maiores mananciais de água doce do Brasil. Além disso, conta com diversos arroios, sendo o principal deles o arroio Pelotas, que deu nome ao município. Até o ano passado, a água captada, tratada e distribuída vinha exclusivamente dessas estruturas. Com a entrada em operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo, o Sanep passou a captar também do canal São Gonçalo.

A primeira tentativa de implantar um serviço de abastecimento de água em Pelotas ocorreu em 1861, quando o italiano Ângelo Cassapi propôs um contrato para fornecimento de água por meio de poço artesiano e encanamento de ferro. O sistema foi aperfeiçoado ao longo dos anos até que, em 1965, a lei nº 1.474 criou o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), autarquia municipal com autonomia econômico-financeira e administrativa, responsável pelos eixos de água e esgoto.

Laboratório na Estação de Tratamento de Água Santa Bárbara. Foto: Arquivo/Sanep

A evolução

O surgimento do Saae marcou a institucionalização e padronização do fornecimento de água à população. A evolução, gradativa, trouxe novas responsabilidades. Em maio de 1984, o Saae tornou-se Sanep e passou também a gerir a coleta, o tratamento e a destinação dos resíduos sólidos. Em agosto de 2002, a Prefeitura atribuiu à instituição a responsabilidade pela macrodrenagem urbana. Desde então, o Sanep é a única autarquia municipal do Rio Grande do Sul responsável pelos quatro eixos do saneamento: água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos.

Gestão de resíduos sólidos marcou a transformação do antigo Saae no Sanep. 

A estrutura operada pelo Sanep inclui cinco estações de tratamento de água, 24 reservatórios e mais de um milhão de metros de tubulações. O sistema é complexo e garante a chegada de água potável com segurança às torneiras. São duas estações de tratamento de esgoto e 500 mil metros de redes, responsáveis por coletar 19 milhões de metros cúbicos de efluentes por ano. Na drenagem, o Sanep realiza a manutenção de um conjunto formado por 120 quilômetros de canais e sete casas de bombas, essenciais para o escoamento adequado das chuvas. Já na limpeza urbana, recolhe cerca de 350 toneladas de resíduos por dia. Com foco na proteção ambiental, a gestão de resíduos também envolve Ecopontos, cooperativas de reciclagem e iniciativas de educação e sustentabilidade, como os projetos Óleo Sustentável e Mudas de Saber.

Os desafios contemporâneos

Universalizar o acesso à coleta e tratamento de esgoto, ampliar o índice de reciclagem e lidar com os fenômenos climáticos cada vez mais intensos estão entre os principais desafios da autarquia, aponta o diretor-presidente Ellemar Wojahn. 

“O Sanep tem um vínculo significativo com a cidade. É uma autarquia forte, estruturada, moldada pelo empenho e dedicação dos servidores públicos. Trabalhamos com planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, segmentado por área de atuação. Nosso foco é manter e ampliar a estrutura para atender a população com serviços de qualidade”, destaca.

O marco regulatório do saneamento básico estabelece metas de 99% de atendimento da população com abastecimento de água tratada e 90% de esgoto coletado e tratado até 2033. Pelotas já atingiu o índice de abastecimento de água e busca ampliar a cobertura de esgoto. Neste ano, após a entrada em operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Novo Mundo, o município elevou o índice de 22% para cerca de 40%. Com a construção das ETEs Engenho e Simões Lopes, projetos elaborados pela equipe técnica do Sanep e aprovados para financiamento pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a estimativa é alcançar entre 75% e 80% de tratamento. Os investimentos somam R$ 138,2 milhões, sendo R$ 125 milhões em financiamento e R$ 13,2 milhões de contrapartida do Sanep. Posteriormente, a meta é ampliar a capacidade de tratamento das ETEs Laranjal e Novo Mundo para atingir o índice nacional.

Para Wojahn, qualificar o sistema de esgotamento sanitário é investir em saúde, qualidade de vida e preservação ambiental. 

“É uma questão prioritária. Municípios que tratam seus efluentes economizam recursos na saúde. Os avanços estruturais no eixo do esgoto beneficiam, principalmente, a população dos bairros. Queremos reduzir as valetas a céu aberto e, dessa forma, estaremos evoluindo no cuidado com a cidade, na proteção ambiental e na qualidade de vida das pessoas”, pontua.

Universalização do esgotamento sanitário é um dos principais desafios em saneamento. Fotos: Volmer Perez/Secom

Além da coleta e tratamento de efluentes, a sustentabilidade passa pela gestão eficiente dos resíduos sólidos. Com 100% da cidade atendida pelos caminhões de coleta orgânica e seletiva, a meta atual é ampliar o índice de reciclagem. O vínculo com as nove cooperativas de reciclagem do município foi fortalecido em 2025: o valor máximo das bolsas e do custeio operacional repassado pelo Sanep passou de R$ 15 mil para R$ 30 mil mensais.

Segundo dados do Departamento de Resíduos Sólidos do Sanep, aproximadamente 3,8 mil toneladas de materiais foram recebidas pelas cooperativas em 2024. Até o fim de setembro, já haviam sido encaminhadas cerca de 2 mil toneladas. De acordo com Marroni, o objetivo é construir uma nova modelagem de gerenciamento dos resíduos e elevar o aproveitamento de recicláveis em Pelotas, hoje em torno de 12% do total passível de reaproveitamento

Diante de uma realidade climática cada vez mais severa, o Sanep investe na manutenção e qualificação dos sistemas de drenagem urbana e proteção contra cheias, especialmente nas áreas mais vulneráveis. Os projetos de escoamento pluvial no Areal Fundos e de elevação da cota do dique da Estrada do Engenho, orçados em R$ 56 milhões, foram aprovados no PAC. Já as obras de macrodrenagem do Laranjal e de ampliação do dique do Valverde, estimadas em R$ 25 milhões, estão habilitadas pelo Plano Rio Grande, com expectativa de liberação dos recursos via fundo estadual (Funrigs) para execução.

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