
Preparação e foco são essenciais a alunos do ‘Terceirão’
Se o ano letivo acabou de começar para 30 mil alunos da rede municipal de Pelotas, na maior escola da América Latina, o Colégio Pelotense, cerca de 210 estudantes deram o pontapé inicial para o encerramento de sua vida escolar. Isso porque os discentes estão na primeira semana de aulas do ‘Terceirão’, nome popular usado para definir o último ano do ensino médio – período marcado por expectativas, aumento de responsabilidades e, claro, projetos para o futuro.

Mais de 210 alunos estão matriculados no 'Terceirão' do Pelotense. Foto: Michel Corvello
Novas perspectivas
Sobre os planos, Nicolas, Yuri e Guilherme, já estão convictos sobre o caminho que desejam trilhar e apostam no ensino que recebem no educandário para levá-los até seus sonhos. Com 16 anos, Guilherme Miltersteiner escreveu sua história escolar no Pelotense, local onde estuda desde a pré-escola. O jovem já tem em mente o que deseja fazer no próximo ano e reconhece que as escolhas de agora possuem um peso maior.
“É um ano de muitas decisões, quando muda o pensamento e as escolhas se tornam determinantes para o futuro profissional. É a etapa final… Já dá pra sentir saudade”, diz Guilherme, que estuda para ingressar no curso de Engenharia Civil.
Yuri Kruschardt e Nicolas Montelli, de 17 anos, também já têm suas escolhas definidas para 2020: as faculdades de Educação Física e Engenharia Mecânica, respectivamente; o segundo jovem planeja estudar em Rio Grande e trabalhar em São Gabriel. Em relação à preparação oferecida pelo Colégio, os meninos acreditam que ela é importante, mas que não basta sem o interesse do aluno.

Nicolas, Yuri e Guilherme já sabem o que estudar na universidade - Foto: Michel Corvello
“Os professores nos dão a base e o suporte explicando a matéria, mas a gente é que precisa correr atrás… O resultado não depende só deles”, opina Yuri, que credita a docentes, como Tatiane Fernandes, o dia a dia prazeroso em sala de aula.
De olho no Enem
Neste ano tudo volta-se à realização de provas fundamentais para o ingresso em universidades, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Programa de Avaliação da Vida Escolar (Pave) – esta feita em três etapas, desde o 1º ano do ensino médio.
“É quando o estudo precisa se intensificar e os professores imprimem um ritmo e um direcionamento diferente em aula. Buscamos técnicas e estratégias que atraiam a atenção dos estudantes’”, explica a professora de Biologia, Tatiane.
A docente, que leciona no Pelotense há 10 anos, também lembra que a parte emocional é determinante neste período e que a equipe de professores do ‘Terceirão’ busca não só trabalhar a parte teórica, mas também a psicológica, ligada aos exames. “Às vezes, o aluno tem uma bagagem de conhecimento enorme, mas falta inteligência emocional. Por isso conversamos e incentivamos eles; fazemos sessões de filme e ‘aulões’ durante o ano", lembra Tatiane.
Escrever e argumentar
Uma das áreas que mais influencia a nota final do Enem é a redação. Temida por muitos, a produção, além de bem escrita, precisa trazer argumentos sobre assuntos contemporâneos e importantes para a sociedade. Na escola, um texto por semana no modelo da prova é feito pelos alunos, conta a professora de Redação, Karen Althea.

Professoras de Biologia e Redação imprimem novo ritmo no último ano - Foto: Michel Corvello
“A ideia é que eles estejam preparados para dar argumentos para todos os assuntos possíveis. Isso incentiva que boas discussões aconteçam em sala de aula, o que é saudável. Não tem como prever o tema do ano, mas é necessário que tenham uma visão geral do mundo”, complementa.
Evolução dos alunos
O diretor do turno da manhã, Carlos Barz, conta que um dos pontos positivos do Pelotense é acompanhar o crescimento e evolução dos estudantes; alguns chegam lá com 4 anos e saem com 20. “A escola tem o papel de prepará-los para a faculdade, para o mercado de trabalho e para a vida. É interessante ver a mudança deles, que começam o 1º ano do ensino médio mais rebeldes e agora precisam ser mais autônomos e independentes”, diz Barz.
O diretor reforça que o controle de assiduidade é uma das ferramentas de disciplina trabalhados pela escola, considerando que isso também é uma forma de mantê-los focados nas responsabilidades. A passagem do fundamental para o médio marca essa transição de postura; de acordo com Barz, a taxa de reprovação no 1º ano chega a 40%, enquanto que a do 3º é muito baixa. “Assusta um pouco porque muda o ritmo e incluem matérias diferentes, como física e química”, exemplifica o aluno Guilherme.

Diretor comenta que a escola é testemunha da evolução dos alunos - Foto: Michel Corvello
Pelotense
O educandário, de 116 anos, é responsável pelo ensino de aproximadamente três mil crianças, jovens e adultos. Apenas de ensino médio, são 21 turmas, nos turnos da manhã e noite, que contam com o envolvimento de 70 professores. Com regime trimestral, a escola delimita que 60% da nota seja atingida para que o aluno seja considerado aprovado.
Atualmente, mais de 210 estudantes estão matriculados em nove turmas de ‘Terceirão’ - considerando aulas de regime normal, pós-médio e Curso Normal (que habilita os alunos a trabalharem com séries iniciais).