Prospecções arqueológicas em uma área de 70 metros quadrados se estende durante a Feira do Livro com direito à exposição e visita de escolas da rede municipal

Prefeitura e UFPel iniciam escavações na obra de reforma do banheiro da praça

Prospecções arqueológicas em uma área de 70 metros quadrados se estende durante a Feira do Livro com direito à exposição e visita de escolas da rede municipal
Por Roberto Ribeiro 28-10-2025 | 18:02:17
Tags: Praça Coronel Pedro Osório , Centro Histórico

A Prefeitura, via Secretaria de Urbanismo (Seurb), e a UFPel, por meio do curso de Arqueologia, deram início nesta terça-feira (28) às escavações arqueológicas junto à obra de reforma dos banheiros da praça Coronel Pedro Osório, Centro Histórico de Pelotas. 

O projeto, autorizado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contará com exposição a partir desta quarta-feira (29). Serão expostas peças e objetos coletados em outras três prospecções realizadas no local, em 2002, 2004 e 2006. Também estão previstas atividades de educação patrimonial, com visitas de escolas da rede municipal nos dias 4, 6 e 7 de novembro, durante a Feira do Livro, com apoio logístico da Secretaria Municipal de Educação (SME). Outras datas estão disponíveis para visitação da rede pública e particular. As ações do projeto também poderão ser acompanhadas pela comunidade em geral. O tapume que cerca a obra ficará aberto durante a Feira do Livro. 

Equipe do Lepaarq/UFPel trabalha na escavação de área de 70 metros quadrados junto à obra de reforma dos banheiros públicos da praça Coronel Pedro Osório na manhã desta terça-feira (28) (Fotos: Volmer Perez/Secom) 

O trabalho de campo será feito em duas etapas. O atual já abriu 26 quadrículas de 50x50 centímetros com 1,30 metro de profundidade em uma área de 70 metros quadrados para que a equipe formada por cerca de 20 pessoas coordenadas por cinco arqueólogos, todos ligados à UFPel, possa ter uma ideia da existência de um contexto de deposição de materiais arqueológicos no terreno. Esta fase deve levar de sete a dez dias. Ou por tempo indefinido. Quem explica é o professor Rafael Milheira, do Laboratório de Antropologia e Arqueologia (Lepaarq/UFPel): “Nesta etapa de sondagens a gente escava e não sabe o que encontra embaixo da terra, e quem vai decidir é o próprio contexto.” Em um segundo momento, a equipe de arqueólogos fará o monitoramento da obra de engenharia pesada, com utilização de maquinário, que promove um impacto de solo maior. 

Século 19 sob a terra

Com experiência prévia de outras três intervenções arqueológicas na praça Coronel Pedro Osório, duas delas pelo programa Monumenta, em 2002 e 2004, é possível ter uma noção do que se pode encontrar em termos de registros arqueológicos do local. Milheira explica que a praça, há 200 anos, era terreno baldio (começou a receber as primeiras operações de paisagismo e urbanização na década de 30 do século 19) e, como tal, era depósito de lixo e entulhos do núcleo urbano do entorno. Foram encontradas louças provenientes da Inglaterra, peças em cerâmica feitas em Pelotas e região manufaturadas em argila e barro, utensílios de metal, material de construção e “muita alimentação”, como ossos de reses, galinhas, porcos e cabras. “Pode-se contar uma história da Pelotas do século 19 a partir desses contextos arqueológicos”, assegura o professor Rafael Milheira. Ele continua: “O nível econômico da elite pelotense da época se replica nos materiais arqueológicos, com muita peça importada da Inglaterra a partir das três primeiras décadas do século 19, que não era de fácil acesso do ponto de vista econômico e ainda assim se comprava como se compra Avon hoje em dia.” 

Conforme ele, o nível de fragmentação dos objetos coletados na praça indica que o pelotense endinheirado da primeira metade do século 19 era exigente em relação à integridade do material. Há pouca fragmentação nas peças descartadas, o que demonstra também a facilidade com que os utensílios chegavam ao porto da cidade. “Este acesso mais fácil indica o caráter cosmopolita para os padrões da época da cidade, o que se vê em registros de viajantes e naturalistas, isso se reflete na materialidade dos objetos encontrados nas escavações”, afirma.

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