Mostra de Estuque apresenta trabalho de artífices qualificados em Veneza

Por Divulgação 17-08-2002 | 00:00:00
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  A mostra “Estuque Ornamental em Pelotas” tem início no próximo dia 22, quinta-feira, a partir das 19h na Casa Dois e retrata a técnica de recuperação de estuques ornamentais, de fachada e forro, usada pelos restauradores Alexandre Mascarenhas, Critina Rozisky e Cassiano Mattos, na recuperação do teto da Casa Oito. O evento é aberto ao público e contará com uma performance de teatro-dança de Marílio Gonzales, na abertura da mostra promovida pela secretaria de Cultura (Secult).  
Serão 20 fotos, acompanhadas de textos explicativos com uma proposta didática sobre o trabalho de recuperação, desde o material utilizado, cópias dos ornamentos em gesso, originais em marmorino e fragmentos do sistema construtivo. “O objetivo principal da mostra é informar a riqueza que se tem nesta cidade, a Casa Oito principalmente é algo de rara beleza. Pela época em que foi construída e pelas possibilidades que já existiam, o trabalho em estuque é ainda mais impressionante”, comenta Alexandre.  
O estuque é uma massa composta por pó de mármore, cal fina, areia e gesso. A origem da palavra estuque vem do italiano stucare, que significa empurrar .“Cada pequena peça é feita separadamente”, explica Cristina.  
Pelotas, ao lado do Rio de Janeiro são referências nacionais em qualidade e quantidade de estuque. “Aqui os prédios em estilo eclético são ricos em estuques de fachada e possuem forros adornados com rara delicadeza”, comenta Cassiano. As Casas 6 e 8, no entorno da Praça Coronel Pedro Osório, foram construídas na época em que o estuque era muito utilizado e ambas são belos exemplares da arte da estucaria. “Observando seus forros se pode compreender o uso da cada uma de suas salas”, analisa Alexandre. A beleza das escariolas também é elogiada pelos restauradores, segundo eles, é uma técnica muito rara e com grande concentração em Pelotas.  
Os artífices ressaltam a riqueza de ornamentos do teto da Casa Oito. “São nove forros com estuques ornamentais e onde se identificam claramente o uso de cada sala”, diz Cristina. A técnica esculpida a mão é observada na sala de música, de jantar, de festas, de lareira, hall de entrada, clarabóia e nos três dormitórios da casa.  
HISTÓRICO - O estuque é uma técnica milenar, usada desde Pompéia, na Antiguidade, que teve seu apogeu no Renascimento Italiano, entre os séculos XV e XVI. Inicialmente considerada uma arte menor, o estuque foi muito valorizado na segunda metade do século XVI, durante o Barroco Europeu, permitindo a explosão de formas e a abundante ornamentação do interior dos prédios. “Era considerado arte menor porque na época davam mais valor a escultura. Enquanto no estuque se acrescentam partes, na escultura se retiravam partes de uma pedra única, o que era visto como se a arte de esculpir fosse desvendando a alma da pedra”, relembra Cassiano.  
De inspiração popular e impregnado de forte realismo, o Barroco propunha total liberdade a seus artistas, que desenvolveram complexos efeitos visuais, ornamentais e decorativos. No Brasil, o uso dos estuques acontecia com freqüência em fins do século XIX e início do XX, difundido pelos imigrantes europeus, principalmente italianos e alemães  
Cristina Rozisky é arquiteta, natural de Pelotas e mesmo já não estando na cidade há alguns anos, havia prestado alguns serviços de restauração na cidade no último ano. Cassiano Mattos também é gaúcho, natural de Porto Alegre, e freqüentou, ao lado de Cristina, o curso de auxiliar técnico de restauro do Senac. Alexandre Mascarenhas é mineiro, e já havia trabalhado em obras de restauração em Ouro Preto e Minas Gerais. O arquiteto fez especialização de conservação em Edificações Históricas, pela Universidade Nacional de Trujillo, no Peru.  
Os restauradores são especialistas em estuque pela UNESCO e participaram em setembro do ano passado, de um estágio de dois meses e meio, no Centro de Conservação e Restauro de Veneza, juntamente com mais 31 selecionados. O objetivo do curso foi de formar professores em diversas áreas de recuperação de patrimônio histórico, segundo informa o responsável pelo projeto de Educação Profissional para Preservação do Programa Monumenta, Amim Aur.  
Desde o início do ano os artífices estão em Pelotas trabalhando na recuperação da Casa Oito. O prédio datado de 1878, e tombado pelo IPHAN como patrimônio nacional, precisou de obras emergenciais, ainda em andamento. A mostra se estende até o próximo dia 11 de setembro e o horário de visitação com monitoramento é de segunda à sexta-feira das 9h às 13h e aos sábados das 14h às 18h. No início de setembro, após a mostra, os restauradores estarão dando oficinas informativas de manuseio em gesso, que estarão sendo divulgadas em breve pela secretaria de Cultura (Secult).

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