Atividade reuniu cerca de 200 pessoas na praça Coronel Pedro Osório

Evento busca visibilidade a pessoas em situação de rua

Atividade reuniu cerca de 200 pessoas na praça Coronel Pedro Osório
Por Secom 26-08-2025 | 19:05:06
Tags: pessoas em situação de rua

Na tarde desta terça-feira (26), a Prefeitura, com o apoio de organizações da sociedade civil, reuniu servidores, voluntários e pessoas em situação de rua na praça Coronel Pedro Osório. O objetivo do evento, que marca o Dia da Luta da População em Situação de Rua, sancionada pelo presidente Lula no início do mês, era dar visibilidade às pessoas que, por diferentes razões, vivem essa realidade. As diversas atividades reuniram cerca de 200 pessoas.

Fotos: Volmer Perez

O evento, organizado pela Secretaria de Assistência Social (SAS), ofereceu informações sobre o Cadastro Único e os serviços ligados a ele, como benefícios sociais e financeiro, sobre os centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Atenção Psicossocial (Caps), roupas, livros, contação de história, testes rápidos e outras orientações de saúde, oficina de instrumentos musicais, atividades físicas, informações sobre direitos e combate à violência contra as mulheres, sobre questões ambientais, e sobre possibilidades de moradia digna, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV). As pessoas que participaram puderam, ainda, assistir à apresentação da Orquestra Estudantil Municipal.

Fotos: Volmer Perez

O evento foi pensado para ser realizado na rua, por onde passam outras pessoas, para que todos se acostumem a ver quem comumente não é visto. Em sua fala, a secretária de SAS, Raquel Nebel, lembrou que estavam ali para dar “visibilidade, escuta e acolhimento”. Ela afirma que as pessoas em situação de rua, muitas vezes, não são enxergadas como seres humanos por quem passa por elas, e que todas elas têm uma história, alguma razão para terem chegado ali, por isso existe uma rede de apoio que trabalha diariamente para garantir alimentação, agasalhos, segurança, e dignidade, enquanto buscam juntos – profissionais e usuários – formas de sair daquela situação, com a busca por trabalho, por benefícios sociais, e pela retomada e fortalecimento de vínculos com a família e a sociedade em geral. A secretária avalia que é necessário que a sociedade conheça as pessoas e suas histórias por trás da condição para que consigam vê-las como iguais, e não como um problema social, pois o preconceito dificulta a manutenção de vínculos.

Fotos: Volmer Perez

A prefeita em exercício, Daniela Brizolara, reforçou a necessidade do acolhimento e do trabalho feito pelas secretarias do município e pelos voluntários, que foram homenageados pela parceria. 

Fotos: Volmer Perez

O usuário da Casa de Passagem e do Centro Pop, Jonas Nogueira Oliveira, tem 37 anos e há dois anos vive em situação de rua, foi ele quem falou em nome do grupo. Elogiou os serviços disponibilizados nos dois locais e o trabalho dos técnicos. Trabalhador da construção civil, costuma trabalhar em outras cidades, mas quando está em Pelotas, tem no Centro Pop e na Casa de Passagem a referência de segurança e de contato com amigos: “nossa casa é muito boa, não falta nada lá”, afirmou, ao contar que costuma ajudar a equipe, inclusive acompanhando os colegas em consultas médicas, quando necessário.

Fotos: Volmer Perez

Durante a atividade, a OSC Gesto, a ONG Alimentar, o Projeto Café do Bem, o Instituto Izaura Rodrigues, o Grupo Juntos Somos Mais Fortes e a empresa Doces Crochemore receberam um certificado, uma homenagem pela “contribuição e parceria no fortalecimento das ações de promoção da cidadania, defesa de direitos e cuidado com a população em situação de rua”.

Fotos: Volmer Perez

Também participaram da atividade, a secretária de Recursos Humanos, Carla Cassais, de Proteção e Defesa Civil, Milton Martins, representantes das secretarias de Educação (SME), de Saúde (SMS), de Políticas para as Mulheres, de Qualidade Ambiental (SQA), de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ), e de Habitação e Regularização Fundiária (SHRF). 

Conheça um pouco da história de Rafael e Lia

Rafael de Oliveira Dias tem 26 anos e passou parte da infância em abrigos municipais, após perder o pai ainda pequeno e enfrentar a violência doméstica. “Eu me criei na Prefeitura, desde os dez anos em abrigos”, lembra. Aos 16, deixou Pelotas para tentar a vida em São Paulo. “Fui trabalhar na RedeTV, era modelo, mas não deu certo”, conta.

De volta à cidade natal, enfrentou períodos de dependência química e a necessidade de se reinventar. Passou por diferentes trabalhos, como lavoura, construção civil, pintura e chapa. Em determinado momento, entendeu que o ambiente em que vivia não ajudava nessa mudança. “Se eu voltasse para casa, meu mundo ia ser o mesmo. Então, para mudar, eu precisava estar distante”. Foi quando buscou ajuda e se internou por um mês e dez dias. “Foi a primeira vez que tentei alguma coisa por mim.”

A relação familiar sempre foi complexa. Rafael perdeu o pai ainda criança e, anos depois, a mãe, quando trabalhava fora de Pelotas. “Não consegui voltar a tempo para o velório dela”, recorda. Hoje, mantém contato com os oito irmãos e segue em busca de recomeços.

Lia Maria Hepp é natural de Arroio Grande, tem 29 anos e enfrentou grandes desafios desde a perda da mãe aos 16, incluindo as enchentes de 2024. “Minha família ficou tudo embaixo da água. Perdi a minha casa, perdi tudo, foi logo depois disso que vim para Pelotas”, lembra. Apesar das perdas, encontrou nos animais uma fonte de força e companhia. “A única bênção que eu tive na minha vida são meus cachorros, porque eu só tenho eles. Eu gosto de estar na paz, na solidão, e eles me fazem companhia. Não vejo a hora de ir embora pra ficar com eles”, conta.

Quando fala sobre sua identidade, Lia, que é uma mulher trans, demonstra vergonha. Ela trata sua sexualidade como se fosse um defeito, reflexo da forma como foi tratada durante toda sua vida, mas afirma que busca viver sua vida do jeito que é, e que tem vontade de se afastar das drogas. “Quero parar com a droga e viver melhor, cuidar de mim e dos meus cachorros”, diz.

Hoje, Lia valoriza o acolhimento que recebe na Casa de Passagem. “Tenho muito a agradecer. Aqui na casa, todo mundo me ajuda e me dá apoio, isso faz muita diferença na minha vida”, afirma.

Matéria de Alessandra Meirelles e Carolina Abreu

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