Enquanto o Município se mobiliza para as ações de cuidado à mulher dentro da programação do Outubro Rosa, equipe técnica da Atenção Básica, da Secretaria de Saúde (SMS), trabalha para estabelecer estratégias relativas à saúde do homem em Pelotas. Nesta quinta-feira (18), durante todo o dia, cerca de 340 agentes comunitários de saúde (ACSs) participaram de uma capacitação, que visou debater as dificuldades de incluir esta população no atendimento de saúde.

Fotos: Marcel Ávila

“Nossa preocupação é cuidar da saúde do homem que, por tradição, procura menos as unidades de saúde. Por isso, adoece mais e tem grande chance de ir a óbito. Nosso foco é a prevenção e acolhimento desta população”, explica a enfermeira Carla Borges, responsável pela capacitação.

      A profissional explica que o papel do ACS, neste contexto, é fundamental, já que é ele quem realiza a visita domiciliar, identifica e caracteriza o perfil da comunidade, e promove o acesso aos serviços. “A intenção é ampliar o olhar para toda a família”, acrescenta Carla.

      Entre as barreiras enfrentadas para esse cuidado, está o contexto histórico e o preconceito, de acordo com a enfermeira. Apesar da instituição da Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH), em 2009, os indicadores ainda apontam que indivíduos do sexo masculino morrem mais cedo, têm expectativa e qualidade de vida menor e, normalmente, buscam os serviços de saúde apenas quando já estão com sintomas avançados de doenças, ela esclarece.  

O papel do agente

      Keli Pereira, ACS da UBS Getúlio Vargas, afirma que a resistência dos homens de procurarem ou aceitarem atendimento é um dos grandes obstáculos, e aponta que a tarefa de conscientização é uma prioridade no dia a dia dos agentes.  

“É nosso trabalho incentivar que eles tenham a convicção de que precisam ter acompanhamento anual e realizar exames preventivos, destacando a importância de buscarem a UBS. Temos que colaborar para quebrar esse tabu… Nossa função é não desistir disso”, reforçou Keli.  

      Carla explica que o objetivo é tornar os agentes multiplicadores do conteúdo debatido nesta capacitação, a fim de que todas as equipes das UBSs planejem diretrizes para qualificar o atendimento aos homens.  

Novas demandas

      Reuniões mensais com os agentes serão programadas pela Atenção Básica até dezembro, a partir de demandas que os próprios profissionais colocarão como necessidade para incluir na formação. No encontro desta quarta também foram debatidas as ações alusivas ao Outubro Rosa, além do atendimento à população LGBT e encaminhamentos de saúde a homens e mulheres transexuais – considerando que o Município já dá suporte a estes usuários, em relação à hormonioterapia e a cirurgias de adequação.

      A capacitação desenvolveu cinco eixos: acesso e acolhimento; saúde sexual e reprodutiva; paternidade e cuidado; doenças prevalentes na população masculina; e prevenção de violências e acidentes.