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Rede municipal terá programa de educação socioemocional

Pelotas será a primeira cidade do Rio Grande do Sul a utilizar o programa Compasso nas escolas públicas, alcançando 1,3 mil alunos de 1º a 5º ano. Iniciativa integra o Pacto Pelotas pela Paz

09-03-2020 | 14:25:41

*Com a colaboração de Paulo Ienczak

Como aprender a identificar emoções próprias e alheias? Como ter mais empatia pelo próximo e lidar, sem reações agressivas, com sentimentos desagradáveis, como medo e raiva? É possível regular impulsos e comportamentos autodestrutivos? Essas perguntas, por mais complexas que pareçam, trazem consigo a reflexão necessária para uma educação socioemocional, cada vez mais necessária para enfrentar os desafios contemporâneos. 

Programa vai alcançar 1,3 mil alunos do Areal e do Getúlio Vargas - Fotos: Michel Corvello

A partir deste mês, a Prefeitura leva para dentro da rede municipal a possibilidade de crianças crescerem aprendendo não só os conhecimentos científicos inerentes aos bancos escolares mas, também, a desenvolverem competências não-cognitivas, ligadas à gestão de emoções e ao autoconhecimento.

Trata-se do programa Compasso, idealizado nos Estados Unidos e adaptado ao Brasil em 2014, pelo Instituto Vila Educação, em São Paulo. Pelotas é a primeira cidade do Rio Grande do Sul a adotar a iniciativa nas escolas da rede pública, beneficiando 1,3 mil alunos do Município, em cinco escolas do Areal e do Getúlio Vargas. Mais de 14 milhões de crianças e jovens já passaram pelo Compasso, em todo mundo, evidenciado cientificamente por sua eficácia.

Aprendizagem socioemocional

Para a prefeita Paula Mascarenhas, em conversa com as coordenadoras e 60 professores envolvidos com o programa, nesta semana, a intenção é preparar as crianças como alunos e seres humanos, a fim de que se realizem, tenham mais autoestima, confiança, se sintam importantes no mundo e sejam adultos mais felizes e capazes de construir um futuro melhor.

“Os resultados impactam também no fortalecimento de vínculos e na preparação para enfrentarem desafios futuros, o que, consequentemente, reflete na prevenção da violência. Procuramos inspirações em iniciativas que dão certo, considerando a realidade e a necessidade das pessoas. Acredito que assim conseguimos os melhores e mais verdadeiros resultados”, apontou Paula.

A prefeita lembrou que o programa, que passa a integrar o Pacto Pelotas pela Paz – movimento em prol da segurança pública na cidade – vem para somar à lista de projetos já voltados a outras faixas etárias, tanto para bebês, como adolescentes e jovens.

A implementação do Compasso, que inclui a formação dos professores e a aquisição de material – cada aluno terá seu próprio livro –, terá investimento de R$ 173 mil, fruto de parceria com as empresas Krolow e Construtora Roberto Ferreira. A Prefeitura optou por aplicar o montante destinado pela iniciativa privada na implantação do Compasso, considerando sua relevância para a Educação.

Escolas pioneiras

As Escolas de Ensino Fundamental (Emefs) Afonso Vizeu, Almirante Saldanha da Gama, Bibiano de Almeida e Jornalista Deogar Soares, no Areal, e Dr. Mário Meneghetti, no Getúlio Vargas – a primeira a adotar o turno integral na zona urbana – vão inaugurar o programa na rede municipal. Uma das formadoras da metodologia, Simone Fonseca, salientou que o projeto será trabalhado uma vez por semana, durante todo o ano, em sala de aula, em momentos lúdicos e interativos, que provoquem os alunos à reflexão.

“A ideia é que não fique apenas restrito a esta ocasião, mas que vire uma linguagem permeando as outras disciplinas e, também, na rotina da escola e em casa, com a família”, explicou Simone, mencionando que as atividades, sempre em grupo, incluem exercícios para o cérebro, de concentração, respiração, momentos de dança e música.

Em relação à faixa etária escolhida para a aplicação, a instrutora assinala que quanto mais novos formos, mais fácil a apropriação do gerenciamento de emoções. “Primeiro a criança aprende a aprender, a escutar, ouvir a si próprio e ao outro; nomear e identificar sentimentos, inclusive, os desagradáveis, como raiva e medo, que existem mas é preciso aprender a lidar sem reações agressivas”, pontuou.

Crianças passam a aprender, também, sobre gestão de emoções e sentimentos - Fotos: Michel Corvello

Entusiasmo da rede

As professoras da Emef Bibiano de Almeida, Relem Machado e Graciele da Rosa, estão empolgadas com as possibilidades que a metodologia apresenta. “Alguns alunos têm comportamento agitado, outros são revoltados, e os professores têm dificuldade para lidar com isso. Com a questão de trabalhar o controle das emoções e a gestão emocional podemos abrir um diálogo”, ressaltou Relem.

Graciele, que já teve experiências com métodos socioemocionais, através do Conte Comigo, destacou a potencialidade do engajamento da família na formação dos alunos. 

“Tornando a escola um local mais acolhedor e de diálogo, o aluno que passa por problemas de relacionamento em casa ou com os colegas fica mais à vontade e o seu comportamento acaba refletindo até mesmo na melhora das suas vivências familiares”, apostou.

Gerenciamento de emoções

As 61 turmas da rede municipal também serão preparadas para definir e atingir metas positivas, sentir e demonstrar empatia com os outros, estabelecer e manter relacionamentos e tomar decisões responsáveis. No âmbito do autoconhecimento, a possibilidade de reconhecer as próprias capacidades, valores e motivações. Entre os principais objetivos, está melhorar o desempenho escolar e social dos alunos e diminuir problemas de comportamento por meio do ensino destas competências, visando à criação de ambientes mais seguros e respeitosos.

A prefeita frisou o entusiamo de poder trazer à rede municipal metodologias socioemocionais, como o ACT e o Conte Comigo, já com experiências exitosas em Pelotas, tanto na melhora da conduta escolar como dentro das famílias. Ela lembrou o esforço de quase dois anos da Prefeitura para implementar o Compasso na rede municipal.

Também participaram da formação o secretário de Educação e Desporto, Artur Corrêa, o coordenador do Pacto, Samuel Ongaratto, e a coordenadora pedagógica do Instituto Vila Educação, Marcela Almeida.

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