Por Divulgação 29-09-2016 | 00:00:00
Cinco pelotenses institucionalizados no Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre, participam da primeira visita de reconhecimento ao Município nesta quinta-feira (29/09/16). Eles vão retornar a sua cidade natal para viver no primeiro Serviço de Residencial Terapêutico (SRT) do Município, onde terão acesso a uma rotina normal baseada em seus interesses e necessidades pessoais e coletivas, a partir do princípio do cuidado em liberdade. O sentimento de alguns de pertencer ao local onde nasceram, apesar dos muitos anos em internação em Porto Alegre, fica claro para quem acompanha de perto o seu tratamento. Sueli Villar está internada há 36 anos, mas cita o nome de amigos de Pelotas com facilidade quando escuta sobre o Município. Também fala do bairro Fragata, do antigo Cine-Theatro Apollo e que a cidade “é muito bonita”. Diz, ainda, que gostaria de morar em Pelotas, mas apenas se tivesse alguém que a cuidasse. E terá. O serviço vai contar com acompanhante terapêutico, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeuta e terapeutas ocupacionais, além de auxiliares para serviços gerais. O SRT tipo 2 é uma experiência inicial para contemplar portadores de transtornos mentais de longas internações psiquiátricas e que não possuem suporte social e laços familiares, com o objetivo de viabilizar sua inserção social. “Essa iniciativa será realizada pela primeira vez em Pelotas e tem como principal foco de trabalho o retorno dessas pessoas ao convívio social com a cidade onde nasceram”, destaca o prefeito Eduardo Leite, que encontrou o grupo no Mercado Municipal, na tarde desta quinta-feira. A secretária de Saúde Arita Bergmann explica que o processo é de adaptação, de reconhecimento por parte dos pacientes e que ainda deve se prolongar até que as equipes psicoterapeutas, tanto da SMS como do Hospital São Pedro, decidam pelo momento certo para a mudança, já que a ação deve ser de vontade espontânea. Como a maioria dos pacientes está internada há mais de 20 anos, a adaptação enfrenta dificuldades como o apego emocional com servidores do São Pedro, por isso haverão mais visitas à cidade. Os visitantes foram recebidos no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Escola, onde almoçaram, e depois visitaram a casa que será transformada no SRT. O grupo esteve acompanhado de Stelamaris Tinoco, coordenadora da ação de desinstitulação do Hospital São Pedro para Pelotas. Clemente Ribeiro vive no hospital há 28 anos, mas, como conta o auxiliar de enfermagem que o acompanha há quase quatro, Jerri Nardi, sempre teve lembranças de ter nascido em Pelotas. Jerri conta que Clemente gosta de passear e de pintar quadros. “Percebo que faz muito bem a ele”, diz. Essas atividades serão favorecidas pela liberdade que os pacientes terão na nova casa. De acordo com a coordenadora de Saúde Mental da SMS, Cynthia Yurgel, o Município vai proporcionar tudo o que for necessário para que os pacientes vivam bem e eles terão autonomia para desenvolver atividades que gostam, como a paixão por pintura de Clemente. “Com o benefício que já recebem, podem comprar roupas, a fruta que gostam, contratar um professor para aulas específicas”, comenta, “ou seja, têm liberdade para usar o benefício como bem entenderem”. A implantação da iniciativa recebeu um incentivo do Ministério da Saúde no valor de R$ 20.000.00 e mobiliário permanente, mas será mantida pelo Município, responsável por despesas como aluguel, água, luz e telefone, além de alimentação, vestuário, roupas de cama e banho, utensílios para cozinha e material de limpeza e higiene. O local será avaliado semanal e mensalmente por servidores da SMS. Até o momento, a Secretaria de Saúde (SMS) tem oito pacientes para integrarem o SRT. Além dos cinco que visitaram o local hoje, outros dois pelotenses do Hospital São Pedro vão regressar ao Município, além de um paciente que se encontra internado no Hospital Espírita de Pelotas.