Por Divulgação 04-06-2009 | 00:00:00
Mais duas turmas do Cozinha Brasil concluíram hoje (4) o curso que trabalha a educação alimentar a partir do aproveitamento integral dos alimentos. Menos gordura, açúcar e sal se reverte em mais saúde e economia para os alunos e suas famílias. Uma das turmas era formada por 50 detentos do Presídio Regional de Pelotas – 40 homens e 10 mulheres. Muitos deles receberam, pela primeira vez, um certificado de qualificação. O projeto é uma parceria do Serviço Social da Indústria (Sesi), Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e Programa de Prevenção à Violência (PPV) de Pelotas.
A psicóloga idealizadora e coordenadora do projeto dentro da Susepe, Erminda Torres, diz que desde que conheceu o Cozinha Brasil, em 2004, acalentava a idéia de desenvolvê-lo dentro do sistema penitenciário do Estado, para ensinar os apenados sobre o aproveitamento total dos alimentos – como a utilização de folhas, talos e cascas, comumente descartados – e reduzir as gorduras, sal e açúcar, que causa os altos índices de hipertensão e diabete.
Além do aproveitamento total dos alimentos, o curso também ensina técnicas de higiene, saúde, congelamento e descongelamento, resgata procedimentos alimentares esquecidos atualmente, a utilização de alimentos integrais e fibras. “Alimentos abandonados pela correria do dia-a-dia ganham novas técnicas de preparo, mais rápidas e práticas”, explica a nutricionista e coordenadora do projeto do Sesi, Rosângela Lengler. O Presídio de Pelotas é o sexto a receber o projeto e o segundo com turma mista.
Para a coordenadora do PPV, Julia Frio, essa ação demonstra o muito que o Programa tem feito com os parceiros. São ações concretas que possibilitam o trabalho, unem forças. O certificado dado pelo Sesi possibilita que as pessoas que concluíram o curso trabalhem em lanchonetes e restaurantes.
Além das técnicas de cozinha, o projeto é mais uma forma de ressocialização. Para o apenado Marcos, o curso foi muito válido. “A gente está aqui, com a cabeça desocupada, vai aprender”. Sobre o livro de receitas, oferecido pelo Sesi, ele diz que ganhou um “livrinho bem diferente do que a gente está acostumado, com menos gordura”. Ao ser questionado se os filhos aprovariam a nova culinária, ele diz que acredita que sim, pois eles vão crescer com esse hábito.
Para a apenada Carla, essa foi uma nova oportunidade que surgiu para eles. Ao ser lembrada que aquela seria uma possibilidade concreta de trabalho quando ela saísse do presídio, ela sorri e afirma “é uma idéia maravilhosa”.