Programação foi aberta na noite de quarta, com apresentações culturais na Prefeitura, e pedidos de resistência
14-11-2019 | 12:45:52
O fim da violência e a conscientização para as injustiças que acometem a comunidade negra são os objetivos promovidos através da temática “#Resista! Injúria racial é crime!”. As atividades da Semana da Consciência Negra reafirmam ainda a identidade de um dos povos formadores de Pelotas, dentro da programação que começou ao final da tarde desta quarta-feira (13) e segue até 20 de novembro, data que marca a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares.
O local escolhido para a abertura foi o Paço Municipal, na Sala de Exposições Frederico Trebbi – que recebe a mostra de Trabalhos Escolares sobre a Cultura Afroindígena e a Feira de Culturas –, reunindo lideranças do movimento negro e comunidade em geral. A Semana é promovida pela Prefeitura, Conselho da Comunidade Negra e Ordem dos Advogados do Brasil – subseção Pelotas.
A prefeita Paula Mascarenhas destacou que a Administração tem um compromisso com a causa, buscando abrir portas e espaços para discussões e, também, resistência. É preciso, pontuou a chefe do Executivo Municipal, valorizar a cultura africana e a sua importância na construção do que é o pelotense.
Um trabalho focado é desenvolvido pelas secretarias de Cultura e Educação e Desporto. É justamente nas escolas, entre as crianças, que a gestora acredita estar a mudança de paradigma e o futuro de uma sociedade mais igualitária.
“Temos que plantar essa semente em quem vai construir o nosso futuro. A mudança cultural está nas crianças. A gente precisa levar para elas essa semente de um novo mundo, combatendo a violência e o preconceito”, afirmou a prefeita.
Paula ainda ressaltou que a dívida histórica que Pelotas tem com os afrodescendentes precisa ser resgatada, o que significa atuar contra a violência, o preconceito, a discriminação e a injúria racial, implementando uma cultura de paz. “A luta pela igualdade é a mais nobre a qual o ser humano pode aderir. E essa é a luta de todos nós”, disse.
A abertura da programação contou com a apresentação de dois jovens pelotenses. Naiane Ribeiro e Gabriel Maino Schild levaram dança, teatro, música e poesia ao evento. Utilizaram manifestações artísticas para questionar o papel do negro e sua identidade – como é vista pelos demais e moldada por estereótipos.
As “dores de ainda ter que resistir e explicar” foram parte central do monólogo de Naiane, e integraram também a fala do presidente do Conselho da Comunidade Negra, Fábio Gonçalves. A cada seis minutos um negro é vítima do crime de injúria, compartilhou Gonçalves, mostrando como ainda é preciso falar sobre o assunto.
“É preciso trazer à luz. A sociedade precisa tratar esse tema. É um crime que assola a comunidade negra, uma chaga profunda e de difícil superação”, enfatizou o presidente. Ele ainda pontuou que é preciso diferenciar racismo de injúria, além de sempre denunciar e notificar as ocorrências.