Assinaturas do contrato e ordem de serviço entre a Prefeitura de Pelotas e a Construtora Biapó ocorreu na manhã desta sexta-feira (16), em cerimônia na Esplanada
Por Joice Lima 16-08-2019 | 14:53:16
Na manhã desta sexta-feira (16), Dia do Patrimônio de Pelotas, foram assinados o contrato e a ordem de serviço para o início das obras da segunda etapa de restauro do Theatro Sete de Abril, primeiro teatro construído no Rio Grande do Sul e um dos mais antigos do Brasil. A cerimônia ocorreu na Esplanada, na Praça Coronel Pedro Osório. Orçada em pouco mais de R$ 6 milhões, a obra destinada à recuperação da estrutura do prédio histórico será executada pela Construtora Biapó Ltda, vencedora da licitação, e tem prazo de 18 meses.
“Esse é um dia histórico para todos nós. Com essas assinaturas, temos um horizonte concreto do retorno do Sete de Abril”, celebrou a prefeita Paula Mascarenhas.
Paula comentou sobre o processo – projetos, orçamento e licitação –, que exigiu muito cuidado e detalhamento da Secretaria de Cultura (Secult) e logo da Procuradoria Geral do Município (PGM), em cada minúcia jurídica, para que a obra possa transcorrer sem problemas. “Foi um processo demorado, mas isso era necessário para que a obra seja qualificada, para que não haja processos judiciais interrompendo e para que se pudesse ter uma empresa com todas as condições de fazer o que o Sete de Abril merece. Por outro lado, a gente consegue se colocar no lugar do outro e entender qual era a ansiedade da população”, ponderou.
A prefeita destacou a relevância do Sete de Abril enquanto patrimônio, “é uma joia de Pelotas”, mas também tem uma importância na dinâmica da cultura, por ser um teatro público. Ela afirmou que o espaço “terá uma política cultural aberta, democrática, sem censura, que estimule a nossa história e também a nossa tradição de vanguarda na cultura”.
Paula parabenizou a Associação de Amigos do Theatro Sete de Abril (Amasete), criada justamente para cobrar das autoridades providências para a reabertura do teatro, e que completou sete anos de existência nesse dia 16.
Durante a cerimônia, o secretário de Cultura, Giorgio Ronna, chamou à frente e agradeceu o empenho de três integrantes da Gerência de Patrimônio da Secult, responsável pelos cuidados do Sete de Abril no dia a dia, a engenheira civil Gisela Frattini e os arquitetos Fábio Caetano e Paulina von Laer.
Sobre a demora no processo, complementou: “É um bem tombado em nível federal na década de 1970, um dos primeiros da nossa cidade, e de responsabilidade do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Então, há uma série de procedimentos que a gente tem que observar, com um cuidado extremo, seja na intervenção correta do patrimônio, seja no uso dos recursos públicos”, explicou Ronna.
Única empresa habilitada no processo licitatório, a Construtora Biapó Ltda, de Goiânia, vai recuperar a estrutura do prédio por R$ 6.083.997,61 – valor quase R$ 300 mil abaixo do teto para essa etapa, previsto na licitação em R$ 6.380.000. Os recursos a fundo perdido, para a realização da obra, vêm do Ministério da Cidadania, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas.
Além de ter toda a sua estrutura restaurada, o teatro também receberá melhorias na parte acústica, iluminação cênica, climatização e passará a contar com acessibilidade, o que possibilitará que pessoas com deficiência física acessem também os andares superiores. A obra será aberta a visitações esporádicas para que a população possa acompanhar seu andamento.
Ao lado da prefeita Paula e de Ronna, participaram da cerimônia de assinatura do contrato e ordem de serviço o presidente da Câmara de Vereadores, vereador Fabrício Tavares (PSD); o arquiteto Adriano Carvalho, representando a Construtora Biapó; Haroldo de Campos, representante da Amasete; a professora de ballet, Dicléa Ferreira de Souza e o jornalista, ator e professor de teatro no Colégio São José, Henrique Giovanini. Cada um teve seu momento de fala. Presenciaram o ato servidores de diversas secretarias municipais, assessoria especial do Gabinete da Prefeita e público em geral. A cerimônia teve música ao vivo com Solon Silva.
Fundada em 1989, a Biapó tornou-se especialista na área de restauração. Entre seus principais trabalhos, destacam-se: a Igreja de São Benedito, no Tocantins; a Igreja de São Francisco na Pampulha, em Belo Horizonte - obra emblemática do modernismo brasileiro, com arquitetura assinada por Oscar Niemeyer e painéis de azulejo de Cândido Portinari; o Santuário Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas (MG) - referência em patrimônio histórico do País, obra contratada pela Unesco; e o Museu de Arte Sacra da Boa Morte (1994).
A primeira fase do restauro, destinada à recuperação da cobertura do Theatro, foi concluída em outubro de 2014. Houve um investimento de R$ 1,5 milhão, sendo 10% de contrapartida da Prefeitura. A terceira etapa, que concluirá a segunda fase do restauro, se refere aos equipamentos e mobiliário (poltronas, cortina, iluminação, climatização, sistema de som, etc.) e deve ter um custo aproximado de R$ 7,2 milhões. Essa etapa pode ser realizada de modo simultâneo à obra de restauro da estrutura.